AS JUDITES DESTE MUNDO
Não falei sobre a Judite, sim, a Judite de Sousa, podia até ser outra Judite qualquer, mas uma crónica no Público fez-me perceber que já se pode falar.
A Judite perdeu um filho, o único filho e ainda que não fosse...
Depressa se apressaram os abutres das revistas cor-de-rosa a inventar ou reinventar a história, e a esgrimir pormenores sobre o acidente.
A pergunta que me fica é, será que quem escreve nessas revistas tem filhos?
Parece-me demasiado nojento o exercicio mental de quem se dá ao trabalho de magoar e espetar farpas através de revistas que se encontram em todo o lado no coração de uma mãe que perdeu um filho.
Podia ser a Judite, ou a Maria ou a ivone, ou tu ou eu, ou um pai ou uma mãe, como é o caso da Judite e do pai do jovem.
E a dor???? A dor que quase conseguimos sentir na nossa pele, e da qual temos medo, a dor que nos leva a imaginar e a perguntar, e se me acontecesse a mim?
Um dia talvez a Judite Volte, e como dizia o cronista do Público talvez, quando a virmos na televisão, baixemos os olhos numa espécie de medo de sentir.
Não sei se voltará, mas sei que me arrepia só de tentar perceber a dor profunda que quase a levará á loucura, e a força mental que a Judite deve ter que exercer para se manter mentalmente sã.
Nestes momentos devemos apenas respeitar com silêncio e respeito a perda de um filho, a perda de um pedaço de nós.
Calai-vos abutres da escrita...... o maior respeito que devia existir da parte dos pseudo-jornalistas das revistas cor-de-rosa perante a colega mais do que reconhecidamente competente, era terem lançado as revistas com uma faixa preta na capa, em sinal de respeito pela dor alheia.